terça-feira, 11 de maio de 2010

Papo entre amigas

Hj me recordei de um papo que tive ha um tempo com uma grande amiga de infância, o tema era profissão x vida pessoal. Uma famosa "inveja branca" se é que existe este tipo de inveja inofensiva acompanhou nosso diálogo emocionado e muitas vezes acalorado com nossos argumentos contra nosso próprio estágio de vida, com uma espécie de defesa frenética pelo alheio lugar conquistado, coisa de malucas, um tanto de mulheres normais insatisfeitas eternamente.
Nossas vidas tomaram um curso diferente a partir do segundo grau, onde ela foi estudar no melhor colégio particular da cidade em que vivíamos enquanto eu, saltei de uma ótima escola para a mais democrática (para os bons entendedores..) que tinha na época. Lá eu conheci um mundo novo, onde me deparava com gente de tudo que é tipo, tribo, cor , opção sexual, faixa etária, renda..era estranho tamanha diversidade para uma menina que só convivia com um estereótipo, de escola particular onde todos pareciam ter saído da mesma encubadora, embora fosse a menos abastada de lá.
Comecei a trabalhar, meu primeiro estágio com 16 anos, me orgulhava de ter virado "gente grande" minha primeira aquisição foi o tão sonhado vídeo-cassete..kkkk era admirada por todos por tão precocemente encarar escola e trabalho, por opção própria já que não era uma obrigação ganhar dinheiro para me sustentar ou aos meus. Dali o distanciamento físico começou a acontecer além do emocional..não tínhamos assuntos em comum, nem amigos em comum, e nem mesmo maturidade para perceber que estas diferenças não deveriam afastar as pessoas e sim complementar, mas enfim.
Com o trabalho diário meus estudos acabaram sendo prejudicados e quando se começa a ganhar dinheiro, mesmo que pouco, é viciante, dei mais importância a atividade laboral, passei minhas aulas para o período da noite e desisti logo depois.. Terminei meus estudos de forma tosca, deficiente, em supletivo, mas incrivelmente passei de primeira em uma faculdade federal..mas isso é outra história.. Novamente não consegui administrar trabalho x sobrevivência longe de casa (agora o dinheiro voava das mãos ) x estudo..caí de novo.. Enquanto isto minha amiga já estava no meio da sonhada faculdade, com projetos de pós graduação etc.. e eu namorando como vento em popa...hehehe.. meus amores juvenis sempre tiveram espaço em minha agenda, não sei pq, será anormal?
O rumo foi este, ela estudando e eu trabalhando e namorando..casando..tendo filho..constituindo família.. eis o ponto de "desequilíbrio" total em nossas vidas e motivo de nosso papo.
Enquanto uma seguiu a ordem digamos que natural da vida (estudar, morar com os pais, trabalhar dentro da profissão escolhida) a outra inversamente casava cedo e se sentia emburrecida em relação à carreira e conhecimentos específicos. No nosso passar dos vinte para trinta estávamos em posições opostas, eu querendo a vida dela e ela a minha, afinal não tinha constituído laços muito fortes em relação a formação de família partindo do princípio "homem-mulher-filhos-cachorro (tenho 5), casa, etc..
Complicadas estas mulheres de quase 30, assim como a de cabelo liso quer cabelo crespo e vice- versa, sempre estamos em busca do que não possuímos e, felizmente, agradeço a Deus por ter plantado em nossa estrutura, junto com a invejinha "branca", a força para correr atrás do que não temos custe o que custar.. Estamos em busca do objeto de desejo ainda não concreto, mas agora a amizade ficou mais forte e com direito a pitacos, conselhos e lágrimas secas pelo lenço um da outra. Mulheres de quase trinta quem as compreende?

2 comentários:

  1. Sensacional, esse blog vai longe e teu potencial é incrível.Parabéns!

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  2. Olá, realmente o Filipe tem olhos de lince. Achei fantástico o tema do teu blog, nós mulheres, mesmo depois dos 30, que é meu caso, somos incapazes de fortalecer a idéia que um dia vamos virar vóvos. Adorei, continue postando.

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